Papa Francisco no Jubileu do Mundo da Comunicação: «Comunicar é o que Deus faz com o Seu Filho»
Terminou ontem o primeiro dos grandes eventos jubilares do Ano Santo, o Jubileu dedicado ao mundo da comunicação. Milhares de jornalistas, chefes de redação e profissionais do sector chegaram a Roma, vindos de mais de 139 países de todo o mundo.
Os peregrinos foram acolhidos na sexta-feira, 24 de janeiro, na Basílica de São João de Latrão, com uma celebração penitencial organizada pela Diocese de Roma seguida da celebração eucarística presidida pelo Cardeal-Vigário Baldo Reina. Na manhã seguinte os participantes deste Jubileu do Mundo da Comunicação partiram da Piazza Pia com a cruz jubilar, peregrinando em oração até à Porta Santa de S. Pedro, ao longo da via della Conciliazione. Depois da bênção na Basílica, os participantes chegaram à Sala Paulo VI para o encontro organizado pelo Dicastério para a Comunicação e, em seguida, para a audiência com o Santo Padre, o Papa Francisco.
Na mesa-redonda da manhã de sábado, 25 de janeiro, sobre os temas da comunicação e da esperança, moderada pelo antigo diretor do Repubblica e do La Stampa, Mario Calabresi, intervieram a jornalista filipina Maria Ressa, Prémio Nobel da Paz em 2021, e o escritor irlandês Colum McCann, autor de Apeirogon, entre outras publicações. A jornalista centrou o seu discurso na crise da democracia, abalada pelas manipulações da inteligência artificial. «Colaborem, procurem a verdade com clareza moral», disse aos presentes, «porque o silêncio perante a injustiça é cumplicidade. Depois, protejam os mais vulneráveis e reconheçam o vosso poder. Lembrem-se que a esperança não é passiva».
«Se vivemos em tempos de rutura, então a reparação deve ser o novo tema», sublinhou McCann. «Entre os "peregrinos de Esperança" que hoje homenageamos aqui estão os nossos jornalistas, os nossos comunicadores que estão numa posição privilegiada para ajudar a contar as histórias dos outros. Eles sabem que, para que uma história seja contada, tem primeiro de ser ouvida com atenção. E estas histórias, juntamente com a compreensão que fomentam, podem ir para além da sala de aula ou da redação».
Após o encontro, houve uma atuação do Maestro Uto Ughi, com a sua orquestra, oferecida para o Jubileu pela Fundação Uto Ughi. O programa incluiu o Concerto em Lá menor de Johann Sebastian Bach e Oblivion de Astor Piazzolla.
Por volta das 11h30, os comunicadores acolheram a chegada do Papa Francisco à Sala Nervi. «Queria dizer apenas uma palavra sobre a comunicação. Comunicar significa sair um pouco de mim mesmo para oferecer do que é meu ao outro. E a comunicação não significa apenas sair, mas também ir ao encontro do outro. Saber comunicar é uma grande sabedoria, uma grande sabedoria!», disse o Papa Francisco aos presentes, continuando: «Estou feliz com este Jubileu dos comunicadores. O vosso é um trabalho que edifica: constrói a sociedade, constrói a Igreja, leva todos a progredir, contanto que seja verdadeiro. (...) É uma prova deveras grande! Comunicar o que Deus faz com o Filho, e a comunicação de Deus com o Filho e o Espírito Santo. Comunicar algo divino. Obrigado pelo que fazeis, muito obrigado!».
O Jubileu terminou no domingo, 26 de janeiro, com a participação dos comunicadores na Santa Missa na Basílica de São Pedro, presidida pelo Papa, no dia da celebração do Domingo da Palavra.